quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sonho

Nesta caminhada pela vida, uma encruzilhada surgiu... Sentei-me, olhei... Meu coração desesperadamente quis seguir o da direita, mas a razão queria o da esquerda... Mas... Olhando com atenção vi, que no meio desses dois caminhos, um trilho sinuoso ia surgindo, escondido pelas silvas e ervas daninhas... Cheguei-me mais perto... E a medida que me aproximava, a guerra que o meu coração travava com a razão, foi amainando, até eu estar de frente para esse trilho... Coração e razão posaram armas, e deram as mãos... Desviei as silvas, e pelo trilho me aventurei...



Parecia que tinha entrado num misto de sonho e pesadelo, onde a fronteira entre o certo e o errado era apenas uma ténue neblina, onde era possível ver o mais angelical dos anjos brincar com o mais demoníaco dos demónios... Não sabia o que era real ou não... Só me lembrava da história da Alice no País das Maravilhas... Mas não me atrevia a virar para trás... Esta sensação era boa demais, e passado algum tempo, o trilho sinuoso foi se tornando mais largo, até chegar a uma praça, um largo... Nessa praça as pessoas chegavam, cada uma do seu trilho e seguiam em frente... E reparei que muitos se sentavam e não seguiam, esperavam, outros, por medo, vergonha ou outro sentimento, tinham a cara tapada... E eu, parei e olhei...



Já tinha caminhado muito, já tinha sofrido muito, e encontrei um lindo banco, perto de uma fonte, a sombra de um Chorão e ladeado pelas rosas mais lindas e perfumadas, "Rosas de Portugal" estava escrito numa placa... Sentei-me nesse banco, fechei os olhos, e inspirei o aroma das rosas misturado com a frescura da fonte... E finalmente descansei... A minha alma repousou... E adormeci... A mente vagueou, e de repente, acordei... Sentia um olhar na minha nuca, procurei a quem pertencia esse olhar... E foi aí que o vi... Um daqueles de cara tapada... E vi que o seu olhar passava de mim para o espaço vazio que estava ao meu lado... Olhei novamente para ele, e pude ver que estava cansado... Mas não estava com vontade de dividir o meu banco, e comecei a procurar do olhar um outro lugar, para dizer ao "Cara Tapada" que tinha um sítio onde descansar... Vi que tudo estava ocupado... Virei-me novamente... Continuava a olhar fixamente para mim e para o banco, e convidei-o, com o olhar, a sentar-se junto a mim...



Sentou-se, e agradeceu-me... Inspirei novamente, e comecei a olhar para as pessoas... Muitas chegavam, e seguiam caminho, outras paravam e pareciam esperar por alguém, até que esse alguém chegava... Outras, como eu, sentavam-se e descansavam, para depois seguirem caminho... Outros ainda, iam em grupos... Depois havia esses que me intrigavam, esses que eram como o meu vizinho... Pareciam que se sentiam perdidos... E comecei a olhar para ele, para o meu vizinho... E vi que era uma máscara, daquelas brancas, cara de manequim, e apenas lhe vi os olhos, uns olhos lindos, mas sem vida... E a minha alma sentiu-se tocada... Senti necessidade de lhe falar... E falei, ele falou, e nos conversamos... Não sei se se passaram segundos, minutos, horas, dias, ou até mesmo meses... Mas, ele levanta-se, tira a máscara, e diz-me "estou preparado para seguir em frente, vens?", e estende-me a mão... E sem pensar seguindo apenas a minha alma, coloquei a minha mão na dele e fui...



O caminho era único, todos seguiam na mesma direcção, uns andavam, outros corriam, ainda havia que tentasse voltar atrás, mas sem sucesso... E lá ia eu, acompanhada nessa jornada... Tudo parecia mais fácil... E foi aí que tudo começou a desaparecer... E senti que algo puxava por mim... E foi aí que abri, realmente, os olhos pela primeira vez...



Lá estava eu, desperta, feita parva, a olhar para ele... Olhos nos olhos... Até que nossos lábios se tocaram, e voltei para esse mundo, lindo, ao qual chamo de amor... Mas isso, é uma outra história... 



By: Black Angel (Angelina Calhabrês)

25-04-2012

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