quarta-feira, 1 de agosto de 2012

mascara


Costas


Abutres


Era Uma Vez...

Era uma vez uma menina, que vivia num mundo escuro e sombrio, tudo o que ela via era sombras escuras, ameaçadoras... ela vivia se escondendo por detrás de fantasias, de máscaras, mostrando ao mundo aquilo que ela desejava ser, e não tinha forças para ser... A menina foi crescendo nesse mundo escuro, e a sua alma também foi-se escurecendo... e de menina receosa em mulher triste cresceu... sua vida se tornou no mundo em que ela vivia, e ela já não tinha medo das sombras, já fazia parte delas... até que um dia, um novo ser penetrou no seu mundo, enchendo-o de coisas novas, que ela não conhecia... e àquela menina que ela pensava ter desaparecido, voltou à tona... e de novo começou a ficar receosa, mas não das sombras, essas já as conhecia, eram suas companheiras... mas desse ser... que em tudo era diferente... as coisas à sua volta tinham outra tonalidade, e as sombras desapareciam... ela ficava a olhar para ele, escondida pela escuridão, até que um dia ele notou a sua presença... ele ajudou-a a sair das sombras, esticou-lhe a sua mão, e ela, à medo também esticou a dela... e quando à sua mão tocou na dele, tudo se eliminou à sua volta, e foi nesse momento que todo o seu mundo mudou... começou a ver as coisas de uma outra forma... tudo mais claro... a escuridão deu lugar à luz e à cor, as sombras desapareceram para as flores, e a tristeza do seu coração se rendeu ao amor... mas, como todo o conto de fadas que se preza, quando tudo parece estar bem, é quando aparece o mau da fita... e eis que surge o ser da escuridão, tentando o envolver a menina na sua escuridão, mas a luz é mais forte, e a menina corre para ela, e deixa-se envolver nos seus braços, nos seus beijos, nas suas caricias, no seu amor... e à luz a menina entregou o seu coração, a sua alma, a sua vida... mas a luz começou a afastar-se da menina, e ela começou a correr atrás dela... a menina parou de correr, e a luz também... a menina dava um passo na direcção da luz, essa afastava-se dois... a menina dava outro passo, a luz dava outros dois... a menina deixou de sentir o chão debaixo dela, a força das pernas fugiram-lhe, e sobre o chão caiu, e com a última força que lhe restava soltou uma lágrima, e os olhos fechou... a luz precipitou-se sobre ela, mas, quando lhe tocou, não obteve respostas, apenas lágrimas saíam dos seus olhos cerrados... e pouco à pouco a luz foi ficando mais fraca... e vendo que nada acontecia, sentou-se junto da menina, seus olhos fechou, e lágrimas nasceram de seus olhos... suas mãos estavam dadas, suas faces coladas, e as lágrimas de um fizeram acordar... olharam-se nos olhos, nada disseram, apenas se olharam, e com apenas um beijo disseram tudo, com um beijo curaram as feridas, com um beijo se entregaram um ao outro, com um beijo se amaram...


Black Angel

01-06-2012

Sonho

Nesta caminhada pela vida, uma encruzilhada surgiu... Sentei-me, olhei... Meu coração desesperadamente quis seguir o da direita, mas a razão queria o da esquerda... Mas... Olhando com atenção vi, que no meio desses dois caminhos, um trilho sinuoso ia surgindo, escondido pelas silvas e ervas daninhas... Cheguei-me mais perto... E a medida que me aproximava, a guerra que o meu coração travava com a razão, foi amainando, até eu estar de frente para esse trilho... Coração e razão posaram armas, e deram as mãos... Desviei as silvas, e pelo trilho me aventurei...



Parecia que tinha entrado num misto de sonho e pesadelo, onde a fronteira entre o certo e o errado era apenas uma ténue neblina, onde era possível ver o mais angelical dos anjos brincar com o mais demoníaco dos demónios... Não sabia o que era real ou não... Só me lembrava da história da Alice no País das Maravilhas... Mas não me atrevia a virar para trás... Esta sensação era boa demais, e passado algum tempo, o trilho sinuoso foi se tornando mais largo, até chegar a uma praça, um largo... Nessa praça as pessoas chegavam, cada uma do seu trilho e seguiam em frente... E reparei que muitos se sentavam e não seguiam, esperavam, outros, por medo, vergonha ou outro sentimento, tinham a cara tapada... E eu, parei e olhei...



Já tinha caminhado muito, já tinha sofrido muito, e encontrei um lindo banco, perto de uma fonte, a sombra de um Chorão e ladeado pelas rosas mais lindas e perfumadas, "Rosas de Portugal" estava escrito numa placa... Sentei-me nesse banco, fechei os olhos, e inspirei o aroma das rosas misturado com a frescura da fonte... E finalmente descansei... A minha alma repousou... E adormeci... A mente vagueou, e de repente, acordei... Sentia um olhar na minha nuca, procurei a quem pertencia esse olhar... E foi aí que o vi... Um daqueles de cara tapada... E vi que o seu olhar passava de mim para o espaço vazio que estava ao meu lado... Olhei novamente para ele, e pude ver que estava cansado... Mas não estava com vontade de dividir o meu banco, e comecei a procurar do olhar um outro lugar, para dizer ao "Cara Tapada" que tinha um sítio onde descansar... Vi que tudo estava ocupado... Virei-me novamente... Continuava a olhar fixamente para mim e para o banco, e convidei-o, com o olhar, a sentar-se junto a mim...



Sentou-se, e agradeceu-me... Inspirei novamente, e comecei a olhar para as pessoas... Muitas chegavam, e seguiam caminho, outras paravam e pareciam esperar por alguém, até que esse alguém chegava... Outras, como eu, sentavam-se e descansavam, para depois seguirem caminho... Outros ainda, iam em grupos... Depois havia esses que me intrigavam, esses que eram como o meu vizinho... Pareciam que se sentiam perdidos... E comecei a olhar para ele, para o meu vizinho... E vi que era uma máscara, daquelas brancas, cara de manequim, e apenas lhe vi os olhos, uns olhos lindos, mas sem vida... E a minha alma sentiu-se tocada... Senti necessidade de lhe falar... E falei, ele falou, e nos conversamos... Não sei se se passaram segundos, minutos, horas, dias, ou até mesmo meses... Mas, ele levanta-se, tira a máscara, e diz-me "estou preparado para seguir em frente, vens?", e estende-me a mão... E sem pensar seguindo apenas a minha alma, coloquei a minha mão na dele e fui...



O caminho era único, todos seguiam na mesma direcção, uns andavam, outros corriam, ainda havia que tentasse voltar atrás, mas sem sucesso... E lá ia eu, acompanhada nessa jornada... Tudo parecia mais fácil... E foi aí que tudo começou a desaparecer... E senti que algo puxava por mim... E foi aí que abri, realmente, os olhos pela primeira vez...



Lá estava eu, desperta, feita parva, a olhar para ele... Olhos nos olhos... Até que nossos lábios se tocaram, e voltei para esse mundo, lindo, ao qual chamo de amor... Mas isso, é uma outra história... 



By: Black Angel (Angelina Calhabrês)

25-04-2012

Amor

No silencio da noite adormeço,
O som da tua voz vagueia na minha mente
Os teus "amo-te" surgem nos meus sonhos
E com eles a saudade do teu amor

Como um sussurro dos deuses,
O teu bom dia me desperta,
O calor da tua voz, aqueça a minha alma
Que a fria noite envolveu...

Sinto o teu amor percorrer meu corpo
Sinto os beijos que os sonhos me roubam
Sinto o teu abraço que os deuses negaram
Sinto o teu calor que o universo quer roubar...

O teu sorriso faz nascer o meu
O teu olhar faz-me sentir única
O teu sorriso faz o meu coração bater mais forte
O teu olhar faz com que o meu amor floresça...


Nesta jornada que a vida nos concede
Caminhos, cruzamentos, atalhos
Vão-nos aparecendo pela frente,
E nem sempre sabemos o que fazer

Por vezes, olho por cima do ombro
Mas os ventos da fortuna
Apagaram os meus passos
E para trás não posso voltar

Pedras vão surgindo no percurso
E com elas vou me construindo
E tu, por mero capricho do destino,
Saiste do meu trilho...

Mas hoje, encontrei-te novamente
Quero caminhar contigo,
E percorrer este labirinto
Que é a vida...

Nossos trilhos lado a lado estão
Mas, por obstinação da fortuna,
Ainda não se uniram num so
Para poder contigo ficar

E o teu nome é Amor...

08-03-2012

Black Angel



domingo, 5 de fevereiro de 2012

Jardim Secreto

Sonhei... Um sonho incrível... Eu era eu, e não era... Era eu, mas um eu não de agora, um eu do passado... Um eu
criança, um eu puro, sem maldade... Um eu que vias as coisas como elas são, e não como deveriam ser... Sonhei que
brincava, brincava num jardim... Mas, mais ninguém estava comigo... Estava no meu jardim... Estava naquele mundo,
naquele mundo só meu... Estava no meu jardim, no meu jardim secreto... Onde cada borboleta guardava uma sonho,
onde cada flor representava um sorriso, onde cada fonte significava esperança... Era um lugar lindo, cheio de sol,
vida... Mas no meio desse jardim algo estranho estava, uma árvore... Uma árvore que nunca lá tinha estado...
Aproximei-me... Observei... E, toquei na árvore... Algo estranho aconteceu... Tudo se tornou sombrio e frio...
Afastei-me, meus movimentos eram mais pesados... Tudo a minha volta está diferente... As borboletas que antes
voavam, umas escondiam-se de medo, outras jaziam no chão, por entre as flores, espinhos nasceram... E das fontes,
donde antes jorava uma água limpida, estava agora coberta de musgo... E eu... Que era criança, cresci... Voltei a ser
eu... Voltei a ver os meus sonhos destruídos... Voltei a ver lágrimas no lugar dos sorrisos... E de onde antes estava a
esperança, está agora o desespero...

Acordei... E apenas vi, que o sonho, era a minha vida...

By: Angelina Calhabrês Mouro, 05-02-2012